Mas o que é Educação?

Discutir acaloradamente sobre assuntos os quais não são estabelecidos os devidos pilares delimitadores semânticos é algo extremamente comum, principalmente na sociedade contemporânea que banalizou o conhecimento, reduzindo-o a mera opinião. Um dos assuntos mais debatidos de forma negligente é a Educação.

Para não cair nesse grande erro e assim compreender melhor esse fenômeno, devemos ter a humildade e sabedoria de uma criança para fazer a pergunta mais elementar sobre o assunto. Antes de tudo, o que é educação? Poderíamos tentar responder tal questão de várias maneiras mas considero que a mais salutar está na origem da palavra, a expressão latina “Ex Ducare” que significa literalmente “conduzir para fora”, sendo, deste modo, um processo de expansão de horizontes. Essa ideia de educação parte claramente da perspectiva clássica de busca pela Verdade; verdade esta que transcende o indivíduo e corresponde, como bem define Santo Tomás de Aquino, a adequação entre o intelecto (interior) e a coisa (exterior).

Tendo em vista essa perspectiva tradicional de educação como sendo algo que busca levar o homem a transcencer-se a si mesmo, notamos um grave erro na concepção egoísta e limitante que temos sobre educação atualmente. Este erro foi captado e sintetizado de forma magistral pelo escritor inglês G. K. Chesterton que, em seu artigo A superstição da Escola, escreveu:

“A educação deveria ser uma luz dada a um homem para que explorasse todas as coisas, especialmente as que estão mais distantes. A educação moderna tende hoje a ser um holofote, coisa inteiramente centrada em si mesmo”

Deste modo, é possivel notar com clareza a mudança paradigmática que vivemos, uma vez que enxergamos hoje a educação apenas como um meio de promoção e reconhecimento pessoal e abandonamos a perspectiva clássica de humildade e deslumbramento diante da realidade que impulsionou o homem a buscar conhecer e desbravar tudo aquilo que o cercava.

Essa breve exposição não tem a pretensão de encerrar em si mesmo o debate acerca de uma temática tão vasta, mas busca, ao contrário, estabelecer um ponto inicial para a discussão e pôr em perspectiva que a solução para problemas da realidade prática, como a educação, partem, muitas vezes, da resolução de confusões teóricas e conceituais.