Onomatopeia Psicótica
Por Ana Helena Moura
um dois três um dois três um dois três
Na a-significação ilógica,
Respiração arquejante de agonia
um dois três
Transpiração ávida de ansiosa
um dois três
Pulsação muito mais que acelerada,
De corpo gélido empaledecido…
O palpar molhado
sobre a superfície
úmida da derme
Derrama-se por completo
Toda aquela terrível sensação
Projetando o temido imaginário.
Um dois um dois um dois
Entorpecente visual
Da óptica alucinatória
Ao perceber tal atroz dilatação
Ainda a mover-se
Por toda formação horrenda
um dois um dois
E, dentro de mim,
forma uma película,
Camada fina do dia,
Na escuridão silenciosa integra-se
Íntegra no íntimo avassalador,
Intrínseco humano,
âmago amargo a dilacerar o animal
Rompendo o corrompido exterior.
Tic tac tic tac tic tac
Vasos quase colabados permitem-se
inundam tal fenômeno
O talvez colocado entre
O fisgar ou não da isca mental
Surto espantoso
No olhar dos desesperados
Nos gestos dos pedintes
À marchar na corrida ilusória
No sentido da aflição do momento
Modelo de impacto pessoal
Personalidade esta descompassada
O desvairar desaparece por instantes
Desvanece no revirar confuso de ideias
Numa fagulha de tentativa falha
De despistar olhares
De decretar um ato real
Desorienta-se na indefinição
Teórica hipotética sem peripatética
Agiganta a Quimera interna
Nessa mania maníaca de manha
Há os gemidos assombrosos
Uma insana dormência latente do ser.
Bang Bang
Faíscas duraram uma eternidade
A pólvora povoa
Todo aquele corpo
Toda aquela alma
Pobre alma perdida em si.
De repente há o estopim
Estoura em estrondo,
Ensudecedor mental,
Ruidoso ao parar o aparato criminal
A lástima escorre na lágrima
O choro alaga o existir
Transbordando aquela reunião
Quem diria que seria capaz?
Subitamente some
Todas aquelas pontadas
Toda aquela dor
A Angústia sobrevoou
Pairando por ali
até a chegada da Morte
Levando todos dali.